Movimento e mortalidade: efeito das rodovias sobre a mastofauna e conservação ambiental no Brasil

Trabalho de Conclusão de Curso que analisou se diferentes capacidades de movimento de três espécies de mamíferos e a estrutura da paisagem estavam relacionados à densidade de seus atropelamentos nas rodovias do Brasil, explorando dados de diversos eixos rodoviários.

Autor

Mariana Trindade Lahr

Data de Publicação

25 de novembro de 2025


Resumo

A expansão das rodovias no Brasil foi um dos principais fatores que impulsionaram o desenvolvimento socioeconômico do país, facilitando a integração nacional, comércio e mobilidade. No entanto, essa expansão também gerou impactos ambientais significativos, alterando processos ecológicos e afetando negativamente a fauna e os ecossistemas. As estradas atuam como barreiras ao movimento natural dos animais, fragmentam habitats e aumentam a mortalidade devido a atropelamentos, o que pode resultar na extinção local de espécies, especialmente aquelas com baixa capacidade de movimentação e vulneráveis às exposições nas vias. Este estudo analisou se diferentes capacidades de movimento de três espécies de mamíferos: gambá-de-orelhas-brancas (Didelphis albiventris), gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) e tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), e a estrutura da paisagem estavam relacionados à densidade de seus atropelamentos nas rodovias do Brasil, explorando dados de diversos eixos rodoviários. Para o estudo, foi utilizado o conjunto de dados “BRAZIL ROAD-KILL”, que reúne registros de atropelamentos de animais entre 2002 e 2017. A análise incluiu a estimativa de densidade por meio do método de Kernel e a aplicação de buffers com diferentes raios, visando avaliar métricas de paisagem ao redor dos pontos de ocorrência de atropelamentos. Ao longo da pesquisa, identificou-se que a densidade de borda foi o principal fator associado aos atropelamentos de Didelphis albiventris e Myrmecophaga tridactyla, sendo D. albiventris a espécie com maior número de ocorrências registradas. Além disso, observou-se que áreas com maior cobertura vegetal apresentaram menor incidência de atropelamentos de Leopardus geoffroyi, o que indica que a proporção de habitat atua como um fator relevante na redução da vulnerabilidade dessa espécie a impactos viários. Os resultados reforçam a importância de considerar não apenas as métricas de paisagem, mas também os aspectos biológicos específicos de cada espécie, como a escala de efeito, ao elaborar estratégias de mitigação, contribuindo significativamente para políticas de planejamento e intervenções voltadas à segurança da mastofauna frente aos impactos rodoviários.