Atlantic Spatial
Compilação de métricas de paisagem, topográficas, hidrológicas e antrópicas para a Mata Atlântica.
Atlantic Spatial 
Em Ecologia, o espaço importa — e muito. A configuração espacial da paisagem influencia diretamente os principais fatores que moldam a biodiversidade, pois regula os processos ecológicos que determinam a distribuição e a dinâmica das espécies. Esses processos incluem o filtro ambiental, as interações bióticas, a dispersão e a deriva ecológica, que, por sua vez, modulam como os organismos respondem a fatores como clima, topografia, tipo de solo, uso e cobertura da terra (LULC), conectividade e heterogeneidade do habitat.
Diante das mudanças rápidas no clima e no uso da terra, e suas consequências generalizadas para a perda e fragmentação de habitats, o espaço se torna um componente fundamental para entender e conservar a biodiversidade. Neste contexto, disponibilizamos um conjunto de dados espaciais integrados e de alta resolução (30 metros) cobrindo toda a extensão da Mata Atlântica no ano de 2020.
As métricas incluídas consideram diferentes classes de vegetação (floresta e floresta + vegetação natural), efeitos de estruturas lineares (como rodovias e ferrovias) e múltiplas escalas espaciais (com buffers que variam de 50 m a 2.500 m, e até 10 km para algumas métricas). Ao todo, o conjunto compreende mais de 500 arquivos raster e o vetor com o polígono de delimitação da Mata Atlântica, todos acessíveis por meio do pacote R atlanticr, desenvolvido para facilitar a organização e o uso dos dados.
As informações disponibilizadas abrangem:
- Cobertura da terra: 31 classes, incluindo floresta, vegetação natural, pastagem, lavouras temporárias e perenes, silvicultura, áreas urbanas, mineração e corpos d’água.
- Distâncias até classes agrupadas de cobertura da terra, como floresta, agricultura ou áreas urbanas.
- Métricas de paisagem: morfologia da paisagem (matriz, núcleo, borda, corredor, trampolim, ramificação e perfuração), área e proporção dos fragmentos, número de manchas, áreas de borda e núcleo, conectividade estrutural e funcional (considerando capacidades de atravessamento de diferentes organismos), distâncias até as bordas dos fragmentos, perímetro e razão perímetro/área, e diversidade da paisagem.
- Métricas topográficas: elevação, declividade, orientação (aspect), curvaturas e formas de relevo (como cumes, encostas, vales, depressões e áreas planas).
- Métricas hidrológicas: nascentes potenciais e sua densidade por núcleo (kernel), corpos d’água potenciais e distâncias até eles.
- Infraestrutura antrópica: mapas de estradas, ferrovias, unidades de conservação, terras indígenas e quilombolas, além das distâncias até essas estruturas.
Esse conjunto de dados permite integrar de forma eficiente informações ambientais e de biodiversidade para toda a Mata Atlântica, servindo como referência para pesquisas ecológicas e como base para ações de planejamento territorial, conservação da biodiversidade e restauração florestal.
Publicações
- Vancine, M. H., Muylaert, R. L., Niebuhr, B. B., Oshima, J. E. F., Tonetti, V., Bernardo, R., De Angelo, C., Rosa, M. R., Grohmann C. H., & Ribeiro, M. C. (2024). The Atlantic Forest of South America: spatiotemporal dynamics of vegetation and implications for conservation. Biological Conservation, 291, 110499.
Preprints
- Vancine, M. H., Niebuhr B. B., Muylaert R. L., Oshima J. E. F., Tonetti V., Bernardo R., Alves R. S. C., Zanette E. M., Souza V. C., Giovanelli J. G. R., Grohmann C. H., Galetti M., & Ribeiro, M. C. (2023). ATLANTIC SPATIAL: a data set of landscape, topographic, hydrologic and anthropogenic metrics for the Atlantic Forest. EcoEvoRxiv. DOI: https://doi.org/10.32942/X26P58.